O mercado do entretenimento está em constante transformação, impulsionado por mudanças no comportamento do público e pelas novas demandas para eventos e espaços culturais no Brasil, incluindo grandes metrópoles como o Rio de Janeiro. Para acompanhar essas transformações, é essencial que gestores e organizadores estejam atentos às tendências globais e às necessidades específicas de cada público.
Uma mudança que venho observando e vem se consolidando no cenário internacional e chegando em terras brasileiras é a antecipação dos horários de shows e espetáculos. Em cidades como Londres e Nova York, as apresentações começam mais cedo, por volta das 18h, permitindo que o público aproveite outras atividades após o evento. Essa prática não só melhora a experiência do espectador, como também aumenta a sensação de segurança, um fator importante em grandes centros urbanos como o Rio.
As mudanças climáticas também impõem desafios que não podem ser ignorados. Eventos ao ar livre enfrentam riscos crescentes de chuvas intensas e ondas de calor, exigindo que os espaços estejam preparados para oferecer conforto e segurança ao público. Hoje, a infraestrutura de grandes venues precisa considerar coberturas retráteis, sistemas de climatização eficientes e planos de contingência para diferentes cenários climáticos. O investimento nessas adaptações não apenas mitiga riscos, mas também garante que a experiência do público não seja comprometida.

Uma coisa é certa: a experiência se tornou um diferencial competitivo. O público busca mais do que apenas assistir a um espetáculo; ele espera uma vivência completa, desde a compra do ingresso até o retorno para casa. Questões como ibilidade, alimentação de qualidade, áreas de convivência confortáveis e conectividade digital são cada vez mais determinantes na escolha de um evento. O uso da tecnologia, como inteligência artificial e realidade aumentada, já está sendo implementado em grandes eventos internacionais, através de interações cada vez mais imersivas, trazendo benefícios para toda a cadeia produtiva envolvida - incluindo produtores, artistas, patrocinadores, público e etc.
Mesmo com esse novo cenário, o Rio de Janeiro, uma cidade com forte tradição cultural e turística, ainda enfrenta um desafio significativo: a falta de espaços adequados para grandes shows e espetáculos, especialmente na Zona Sul, região que mais recebe turistas do mundo inteiro. Para se ter uma ideia, o Brasil possui 5.000 centros culturais, de acordo com dados do Ministério da Cultura (abril 2024). E apenas 23,3% dos municípios possuem teatros e casas de espetáculos. Na capital carioca, embora existam espaços consolidados como o Theatro Municipal, Vivo Rio, Circo Voador e Fundição Progresso (região do Centro) e Qualistage (Zona Oeste), a quantidade de grandes arenas ainda é insuficiente.

A escassez de venues modernas de médio e grande porte impacta a capacidade do Rio de atrair eventos de grande porte, limitando seu potencial como destino de entretenimento e restringindo o impacto positivo do setor na economia local. É fundamental que iniciativas públicas e privadas colaborem para revitalizar e expandir cada vez mais espaços. O crescimento do mercado de eventos precisa estar atrelado a investimentos em infraestrutura para que o Brasil possa competir de forma mais robusta com grandes centros de entretenimento ao redor do mundo.
Sem dúvidas, a indústria do entretenimento vive um momento de reinvenção. Quem entender as mudanças no comportamento do público e investir em infraestrutura e experiências alinhadas às novas demandas sairá na frente. O Rio de Janeiro e o Brasil ainda têm um longo caminho a percorrer para se equiparar às grandes capitais do entretenimento mundial, mas o momento é oportuno para essa transformação. A adaptação a essas tendências será essencial para impulsionar o setor e oferecer experiências cada vez mais atraentes ao público.
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