Você provavelmente deve ter sido impactado pelo anúncio da equipe do Privacy Sandbox, iniciativa liderada pelo Google para criar padrões da web para que sites em informações do usuário sem comprometer a privacidade, que após cinco anos de desenvolvimento, testes e consultas ao setor, o Chrome manterá sua abordagem atual para a escolha de cookies de terceiros. O que isso significa? Contrariamente às expectativas, não haverá atualizações sobre questões de privacidade e escolha dos usuários.
Nos últimos anos vimos muitos debates e ambição de remover esses cookies de terceiros e, embora a complexidade seja evidente, a execução ficou para trás. Do ponto de vista técnico, com a introdução das APIs do Privacy Sandbox, é notório que isso significou um investimento significativo em engenharia e alinhamento operacional para todos os envolvidos em campanhas programáticas na Open Web. No entanto, grande parte desse esforço foi feito com o objetivo de mudança – e que agora mudou novamente para todo o ecossistema.
Empresas que oferecem e trabalham com ferramentas de publicidade digital e que se debruçaram em tratar esse tema como um ponto único de dependência, sem dúvidas poderão ser afetadas. Afinal, a Open Web é mais ampla, rica e diversa do que qualquer navegador. Empresas que diversificaram os fluxos de trabalho, reduziram a dependência de ecossistemas dominantes e garantiram que as soluções funcionem em diversos ambientes – não apenas no Chrome, sairão na frente e, consequentemente, não afetarão os anunciantes.

É preciso criar soluções que gerem resultados em ambientes que operam com e sem cookies de terceiros. No setor, o estreitamento e colaboração com clientes para testar e avaliar as APIs contribuíram com insights valiosos e ajudaram algumas equipes a se prepararem para um futuro além dos cookies. Porém, trago outro ponto de destaque e um dos desafios mais urgentes, que é a qualidade dos dados.
Em um relatório recente da Adlook, "A imprecisão dos dados sócio-demográficos”, foi descoberto que a segmentação demográfica mais exibida apresenta falhas profundas. Por exemplo, 35,73% dos usuários eram elegíveis para os segmentos masculino e feminino; 55,57% dos usuários apareceram em duas ou mais faixas etárias e que entre os usuários com menos de 34 anos, 28% também foram incluídos nos segmentos acima de 55.
Esses resultados revelaram um problema sistêmico na forma como dados de terceiros são usados e vendidos, colocando em questão a eficácia de estratégias de segmentação de público com base em informações imprecisas. Assim, é importante as empresas manterem o foco na criação de soluções destacadas a resultados e que respeitam a privacidade, que abordam as lacunas reais — como medição, atenção e integridade de dados — na Open Web. O questionamento é: quantas dessas empresas realmente estão preocupadas e olhando para isso? Elas estão trabalhando em soluções para superar essa lacuna">Ana Paula Zeizer é VP de Vendas da Adlook no Brasil
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