No atual cenário de excesso de mensagens, campanhas e conteúdos disputando atenção a cada segundo, contar histórias já não é o bastante. Marcas que apenas falam perdem espaço para aquelas que fazem acontecer. É nesse contexto que o storydoing se consolida como uma das abordagens mais relevantes do branding contemporâneo, um caminho onde as histórias saem do papel (ou da tela) e se tornam experiências vividas, sentidas e lembradas.
Durante muito tempo, o storytelling foi o grande diferencial das marcas. Ele trouxe certa sofisticação narrativa para o marketing, ajudando empresas a criarem universos simbólicos, conexões emocionais e campanhas impactantes. Mas o comportamento do público mudou: as pessoas deixaram de querer ouvir histórias para desejar fazer parte delas. E aí, o storytelling isolado já não basta.
Então, o storydoing surge como uma resposta a essa transformação. Em vez de narrar o que a marca é, ele propõe ações concretas que mostram, por meio da prática, os valores, causas e propósitos com os quais a empresa se compromete. Aqui, a história não é apenas contada, ela é construída junto com o público, ao vivo. Esse conceito se conecta diretamente com o universo do live marketing e da brand experience, onde a presença da marca é física, sensorial e emocional. Eventos, ativações, espaços imersivos e experiências multissensoriais se tornam palco para a narrativa se desdobra de forma que gere conexão.
No South by Southwest de 2025, uma das tendências mais discutidas foi a ascensão das chamadas “marcas que se vivem”, ou seja, aquelas que deixam de existir apenas em discursos e campanhas para ocupar lugar na realidade das pessoas, com experiências reais e compartilháveis. É a era em que a verdade da marca precisa ser percebida no detalhe, e não só no slogan.
Essas marcas se destacam por três pilares principais: a coerência entre o que dizem e o que fazem; o uso inteligente da tecnologia como amplificadora da experiência; e o engajamento de comunidades em torno de causas e valores reais. E quando esses elementos se encontram, surgem ativações que não só geram buzz, mas constroem percepção de valor duradoura.
No cenário atual, em que marcas disputam atenção em meio a uma avalanche de conteúdos, o que realmente se destaca não é mais o que se diz — mas o que se faz sentir. O discurso cede espaço para a experiência. A promessa dá lugar à vivência. E é exatamente aí que o storydoing se consolida: como um novo modelo de comunicação onde as marcas criam realidades que tornam seus valores tangíveis e memoráveis.
Hoje, não basta afirmar que se defende um propósito. É preciso encarnar esse propósito em cada interação com o público. Isso significa transformar ideias em ambientes, conceitos em interações, narrativas em experiências reais. O storydoing opera nessa camada mais profunda — onde a conexão com as pessoas acontece não pelo que é dito, mas pelo que é vivido com verdade e coerência.

É esse olhar que temos cultivado com nossos clientes: marcas que compreendem que sua força está em criar vínculos autênticos, a partir de experiências que traduzem seus posicionamentos com consistência e sensibilidade. Marcas que saem do campo da retórica e entram no campo da ação, criando momentos que geram lembrança afetiva, identificação e relevância cultural. Algumas fazem isso ao resgatar emoções do cotidiano, outras ao provocar novas formas de conexão. Algumas operam a partir do sensorial; outras, da tecnologia como meio de aproximação. O ponto em comum? Todas entendem que, para realmente se conectar, é preciso estar presente no mundo real das pessoas.
No storydoing, a marca não é um fim em si mesma. Ela é uma plataforma para experiências significativas. É por isso que seguimos provocando: como transformar cada campanha, cada insight, cada ativação em um espaço onde as pessoas possam viver o que a marca acredita? Esse é o desafio. E também a oportunidade de criar presença com propósito, relevância com verdade e memórias que duram além do momento.
Mas afinal, o que torna uma experiência inesquecível?
Uma ativação de sucesso nasce da interseção entre três fatores essenciais.
A verdade da marca. A experiência precisa traduzir com clareza aquilo que a marca é e acredita. Não adianta defender inovação e entregar uma ativação genérica.
A coerência com o público. Entender com quem se fala é chave. Isso significa criar linguagem, ritmos, códigos e dinâmicas que façam sentido para a audiência.
A execução criativa com propósito. Nesse ponto, a tecnologia e a criatividade entram como meios nunca como fim. Um totem de inteligência artificial ou uma ativação em realidade virtual só fazem sentido se estiverem conectados ao que a marca quer fazer sentir.

Além disso, ativar os sentidos é importantíssimo. O que se vê, se ouve, se cheira e se toca cria marcas na memória e ativações bem pensadas exploram esse potencial como forma de gerar emoção. não
Mas mesmo com tantos exemplos inspiradores, ainda vemos marcas apostando em campanhas que vivem apenas nos vídeos e nos posts, sem nenhuma ancoragem na vida real. Falam de diversidade, mas isso não é posto em prática. Defendem inovação, mas repetem fórmulas ultraadas. Discutem propósito, mas não criam um único ponto de contato sensível com o público.
Qual o valor de uma história que ninguém vive? De que adianta um vídeo com milhões de visualizações se ele não gera sentimento verdadeiro? Em um mundo de atenção volátil, quem marca presença de verdade são as marcas que fazem sentir, que criam experiências que dão vontade de contar, de compartilhar, de viver de novo.
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