Em um setor que encolheu 21% em número de livrarias físicas na última década, segundo a Associação Nacional de Livrarias (ANL), a Livraria Leitura aposta na descentralização do marketing, no poder dos influenciadores digitais e na personalização do conteúdo para manter sua relevância. Com 163 lojas em 24 estados, a rede combina presença física forte, investimentos em e-commerce e ações no TikTok para se adaptar aos novos hábitos de leitura e consumo.
A transformação digital da rede ganhou força durante a pandemia, com o lançamento do e-commerce próprio, o Leitura.com, além da entrada em marketplaces e novas plataformas como o TikTok. A estratégia é clara: equilibrar a força da loja física com a crescente demanda online. “Nosso negócio principal ainda é o físico, mas não podemos deixar a venda online em segundo plano”, afirma Rafael Martinez, Head de Marketing da Livraria Leitura, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Um dos grandes marcos recentes foi o lançamento do Se Liga na Leitura, portal de conteúdo segmentado por gênero literário. A iniciativa surgiu da percepção de que os leitores desejavam mais curadoria e personalização. “Estávamos cometendo esse erro de produzir conteúdo em massa. Hoje, quem gosta de romance recebe conteúdo de romance”, explica.
Com mais de 150 mil os em abril, o portal é alimentado por influenciadores especializados, que recebem livros mensalmente para análise e criação de conteúdo. Essa curadoria também abastece redes sociais e campanhas com call to action, reforçando a conexão direta com o consumidor final. “Fazemos conteúdo para quem realmente gosta de ler, com base no comportamento do nosso público”, afirma Rafael.

Influência e descentralização: Marketing com sotaque local
Com 123 lojas espalhadas por 24 estados, a Leitura aposta em uma gestão descentralizada de Marketing. Cada unidade pode operar seus próprios perfis nas redes sociais e adaptar campanhas às especificidades regionais. “A realidade de uma loja no Amazonas é muito diferente de uma loja no Rio Grande do Sul. Dar voz única para essa rede diversa é um dos meus maiores desafios”, reconhece o Head de Marketing da Livraria Leitura.
O Instagram é a principal plataforma da rede hoje, mas o TikTok tem crescido com força graças à comunidade de booktokers. Em vez de produzir internamente, a Leitura aposta no UGC (conteúdo gerado por criadores) como principal estratégia para alcançar o público jovem e leitor. “Eles fazem isso muito bem. Acreditamos que já tem um diferencial competitivo nesse ecossistema literário digital”, diz.
A presença de influenciadores também se reflete nas lojas físicas, onde muitos escolhem gravar conteúdos por causa do ambiente atrativo. Além disso, há parcerias recorrentes com editoras e autores para campanhas cooperadas e lançamentos presenciais. “Tudo que um influencer indica, vende. O conteúdo deles é relevante e gera impacto direto nas vendas”, conclui o executivo.

Experiência como diferencial: o papel da loja física
Em um cenário de retração para o varejo de livros físicos, a Livraria Leitura reforça sua aposta no ponto de venda como espaço de convivência e curadoria cultural. Com 90% das unidades localizadas em shopping centers, a marca cria ambientes acolhedores que misturam livraria, café e experiência. “Entendemos que o grande pilar da leitura hoje é a experiência. Ele pode fazer de tudo na livraria e ainda comprar um livro”, explica Rafael.
O foco na diversidade do acervo e no ambiente instagramável faz parte da estratégia de diferenciação. A Leitura busca atender leitores de todos os perfis, oferecendo desde títulos esotéricos até os best-sellers de colorir. “A Leitura entende que é uma livraria de todo mundo. Isso nos permite abraçar desde autores independentes, que querem fazer seus lançamentos, até as grandes editoras”, reforça Rafael.
A livraria também tem investido em eventos presenciais com autores, contação de histórias, clubes de leitura e lançamentos exclusivos. Essas ativações transformam as lojas em polos de cultura local e ajudam a firmar a Leitura como referência além da venda de livros. “Queremos ser reconhecidos como ponto de encontro, de troca e de cultura, não só como loja”, concluiu o executivo.
Leia também: Como a Globo reinventou o Gshow com influenciadores digitais
A aposta na experiência como diferencial competitivo e na construção de laços mais próximos com o consumidor não é exclusividade do mercado editorial. No varejo alimentar, por exemplo, esse movimento também ganha força.
Em entrevista ao Podcast Mundo do Marketing, Daniel Milagres, CMO da Hortifruti Natural da Terra, detalhou a estratégia por trás do posicionamento da marca e destacou as iniciativas que reforçam uma conexão mais natural com consumidor, com foco em experiência e proximidade – a palavra-chave do negócio.
A marca aposta em ações que reforçam a presença no cotidiano do cliente, além de iniciativas que buscam criar vínculos afetivos genuínos com a vizinhança. Estes direcionamentos materializam a crença de que fidelidade se constrói com reconhecimento pessoal, simpatia no atendimento e consistência na experiência.
Esteja com Daniel Milagres no CMO Summit! Inscreva-se e participe do maior encontro de líderes de Marketing do Brasil.

COMPARTILHAR ESSE POST